TDAH: cresce no Brasil o número de diagnósticos em adultos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que a preponderância deste tipo de transtorno em adultos, no país, é similar à média mundial, que é de 5%

A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que a preponderância deste tipo de transtorno em adultos, no país, é similar à média mundial, que é de 5%
Conforme a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o Transtorno do Déficit de Atenção (TDAH) é prevalente em 6% dos pacientes a partir dos 45 anos. A entidade aponta que o TDAH também afeta 5,2% dos indivíduos na faixa etária de 18 a 44 anos. Segundo a psiquiatra Amanda Cavalcante (CRM-RJ 8807 e RQE 4670), o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza por desatenção, hiperatividade e impulsividade. No entanto, ela ressalta que os pacientes não têm todos os sintomas característicos do problema. “Algumas pessoas apresentam desatenção sem hiperatividade, outras têm predominância da hiperatividade e impulsividade, enquanto outras apresentam os sintomas combinados”, esclarece.
Adultos recebem diagnóstico tardio
A apresentadora Sabrina Sato e o jornalista Phelipe Siani, por exemplo, foram diagnosticados na vida adulta com TDAH. Mas por que isso acontece? Para a especialista, o primeiro fator é a respeito do histórico da doença, pois, antigamente, este tipo de transtorno (como muitos outros da psiquiatria) não era algo que recebia a atenção devida, e poucos profissionais desmembravam realmente os sintomas para realizar o diagnóstico. “Essas pessoas eram descritas como preguiçosas, aéreas e malcomportadas. Muitas vezes acontece de um pai levar o filho ao psicólogo ou psiquiatra para avaliação e, ao se identificar com os sintomas, faz com que busque uma avaliação para si e se depara com tal diagnóstico”, destaca.
Um fator percebido por Amanda no seu dia a dia é que as pessoas com desatenção, ao ler sobre o transtorno, se identificam — por um lado, a especialista conta ser algo bom, já que essa psicoeducação faz com que os profissionais da saúde consigam diagnosticar. Entretanto, a psiquiatra enfatiza que esse sintoma tem que ser bem-esclarecido, visto que a desatenção pode ser secundária a inúmeras patologias, tanto clínicas (hipotireoidismo, diminuição de algumas vitaminas) como psíquicas (depressão).
A Associação Brasileira de Déficit de Atenção comenta que o transtorno na vida adulta tende a ser mais complicado para os homens. A psiquiatra salienta que a prevalência de hiperatividade e impulsividade é maior no público masculino porque os sintomas estão relacionados a comportamentos de risco (uso abusivo de substâncias). Amanda pontua que essas pessoas têm mais dificuldade em seguir regras e limites.
Sinais que podem identificar o TDAH no adulto
A médica elenca alguns sintomas do TDAH no adulto, como estar sempre atrasado (os indivíduos se perdem no tempo com mais facilidade); ter dificuldade em relações com outras pessoas (dificuldade de escutar, demonstrar afeto, além de esquecer compromisso, o que pode ser entendido pelo outro que a pessoa não se importa); direção imprudente (fazer várias coisas ao mesmo tempo, ou não conseguir esperar o trânsito); ter dificuldade em iniciar tarefas, levando à procrastinação e ao comportamento explosivo por não conseguir o autocontrole.
Tratamento
Amanda reforça que o tratamento é realizado com psicoterapia, tendo boa resposta à terapia cognitivo-comportamental, sendo uma ótima opção para que a pessoa com TDAH aprenda a lidar melhor com os sintomas, tendo uma melhora na qualidade de vida. Além disso, o tratamento farmacológico, tendo como primeira linha os psicoestimulantes (lisdexanfetamina, metanfetamina) e segunda linha, agora, disponível no Brasil, a atomoxetina. “Essas são as medicações mais comumente prescritas, mas temos ainda outras, que serão enquadradas de acordo com o histórico de cada paciente”, finaliza.