A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de quatro milhões de pessoas no mundo sofrem com a doença de Parkinson, representando 1% da população mundial a partir dos 65 anos. No Brasil, acredita-se que 200 mil indivíduos são acometidos pelo problema. Diagnosticado com a doença em 2018, o autor de telenovelas Manoel Carlos, de 91 anos, enfrenta complicações no desenvolvimento motor e cognitivo nos últimos meses devido à enfermidade, conforme informação divulgada no Instagram de Julia Almeida, filha do dramaturgo. O neurocirurgião Jamil Farhat Neto (CRM-SP 141.252 e RQE 74.302) explica que o Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os movimentos e o controle motor devido à morte de células cerebrais responsáveis por produzir dopamina, um neurotransmissor essencial. O médico diz que ainda não existe cura, mas há tratamentos eficazes para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo o especialista, a doença geralmente surge após os 60 anos, embora possa ocorrer antes, em casos conhecidos como Parkinson de início precoce. Fatores genéticos e ambientais podem influenciar a idade de início, como exposição a pesticidas, traumas cranianos e predisposição hereditária.
Os principais sintomas incluem tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e instabilidade postural. Outros sintomas não motores, como alterações no sono, constipação e depressão, também são comuns. “O diagnóstico é clínico, feito por um especialista, com base no histórico do paciente e exame físico, pois não há um exame laboratorial definitivo”, aponta.
De acordo com o médico, o tratamento combina medicamentos, como a Levodopa, que repõe a dopamina, e outras opções que auxiliam no controle motor. Fisioterapia, exercícios físicos e, em alguns casos, cirurgia de estimulação cerebral profunda também podem ser indicados para melhorar os sintomas.
Teste de Levodopa
O especialista salienta que o teste examina o grau de rigidez, de tremor e como o paciente caminha. No entanto, Jamil lembra que é feito um exame neurológico antes, sem o uso de Levodopa — a pessoa chega ao consultório sem tomar nenhuma medicação.
O médico conta que é dado um comprimido de Levodopa ao indivíduo. Aguarda-se alguns minutos até fazer efeito. Reexamina-se esse paciente, vendo novamente o quanto se tem de rigidez, de tremor e como está o caminhar dele. “Se o paciente toma o remédio e melhora, significa que houve resposta a Levodopa. É um sinal positivo de que ele tem Parkinson. Se você deu o remédio e ele continua igual, não mudou nada, é um fator negativo contra ter a doença”, enfatiza.
Tremores e perda cognitiva
O neurocirurgião esclarece que os tremores do Parkinson ocorrem em repouso e têm um ritmo lento e regular, enquanto tremores normais (ou fisiológicos) acontecem durante a ação ou em situações de ansiedade.
Jamil ressalta que, em estágios mais avançados, o Parkinson pode causar alterações cognitivas, como dificuldades de memória, raciocínio e concentração, devido à progressão da doença em áreas cerebrais, além do controle motor. “Quando essas alterações são severas, podem evoluir para demência. O acompanhamento neurológico e terapias cognitivas são fundamentais para oferecer suporte ao paciente e à família”, finaliza.