Em entrevista ao tabloide britânico The Mirror, Chris Martin, vocalista da banda Coldplay, contou sofrer de zumbido no ouvido desde 2002. O artista revelou que se culpava por ter ouvido música muito alta durante a adolescência, que pode levar à essa condição.

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Segundo a otorrinolaringologista Tanit Sanchez, o zumbido tem várias causas orgânicas e emocionais. Ele é estimado entre 10 e 15% em vários estudos: 17% nos Estados Unidos e 22% entre os paulistanos, conforme pesquisa de 2015 da Universidade de São Paulo (USP). A ansiedade, por outro lado, é estimada entre 9 e 20% da população em alguns estudos, chegando a 30% de indivíduos com o problema.

A médica afirma que a relação entre zumbido e ansiedade, em alguns casos, podem estar associadas, já que pessoas com situações emocionais por determinados momentos de vida, seja o estresse, a ansiedade ou a depressão, podem ter o zumbido no ouvido como um dos sintomas diagnosticados no conjunto da ansiedade, da depressão ou do estresse patológico.

Tanit esclarece que uma pessoa pode ter uma causa orgânica e física de zumbido, como, por exemplo, um trauma acústico. “Após ser informada pelo médico que não tem tratamento ou ler no Google que não tem cura, ela entra numa ansiedade secundária à presença de um zumbido orgânico”, aponta. Ela lembra que, por outro lado, medicamentos usados para tratar a ansiedade e/ou a depressão podem ser ototóxicos, tóxicos para o funcionamento do ouvido e, portanto, causar o zumbido.

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No entanto, a médica reforça que a relação entre zumbido, estresse, ansiedade ou depressão é complexa. “Não se sabe exatamente em que nível acontece para cada pessoa ou porque acontece, mas, sim, que existe um conjunto de fatores que podem associar, inclusive a mudança da química cerebral, em que na ansiedade existe um aumento da adrenalina e da noradrenalina, com uma diminuição dos neurotransmissores, da química do bem-estar, como as endorfinas e a serotonina. Como a química cerebral equilibrada é importante para o bom funcionamento do ouvido, essa é também outra opção que justifica a associação entre ambos”, explica.

Orientação médica
De acordo com Tanit, quando o paciente, depois de uma extensiva busca por causas orgânicas, não tem nada que seja detectável, e ele associa a presença ou começo do zumbido a momentos de ansiedade, existem várias opções de tratamento. “Vale a pena um entendimento da situação geradora de estresse, que pode ser algo único como, por exemplo, um concurso, um casamento, uma reunião de negócios ou uma situação mais crônica. A pessoa tem o perfil ansioso, deprimido, então a terapia é bastante importante. Existem várias pesquisas que documentam a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para melhora tanto da ansiedade como do zumbido”, aponta.

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A médica também comenta que o estilo de vida, com alimentação boa e equilibrada, meditação regular, que pode trazer melhorias à química cerebral, além da atividade física para beneficiar o metabolismo da circulação cerebral e o controle da ansiedade são bem-vindos.