Quem não se recorda dos desmaios da apresentadora Luciana Gimenez no palco enquanto comandava o programa Superpop, na Rede TV!, ou da ex-jogadora de vôlei Jaqueline, que concedia uma entrevista ao canal a cabo Sportv? Ambas tiveram queda de pressão e deixaram o público preocupado. Segundo o cardiologista Bruno Gustavo Chagas (CRM-RO 4359 e RQE 1140), os sintomas da pressão arterial baixa incluem tontura ou vertigem, desmaio, visão turva ou embaçada, fadiga excessiva e dor de cabeça, palpitações e sensação de falta de ar, pele fria e pálida com sudorese, náuseas e vômitos, cianose periférica (cor arroxeada dos dedos, orelhas, nariz e lábios).
O médico destaca que as causas da pressão arterial baixa ocorrem de uma variedade de fatores e podem ser categorizadas da seguinte forma:
Neurogênicas: incluem distúrbios do sistema nervoso autônomo, como doença de Parkinson, atrofia de múltiplos sistemas, insuficiência autonômica pura e síndrome de Guillain-Barré. Deficiências genéticas que afetam a produção de noradrenalina também podem levar à hipotensão (pressão baixa).
Não neurogênicas: abrange desidratação, sangramento, condições cardíacas, como infarto do miocárdio, arritmias e insuficiência cardíaca, bem como o uso de certos medicamentos (como antidepressivos, diuréticos e vasodilatadores). Fatores como alcoolismo e idade avançada também contribuem.
Hipovolemia: refere-se a um volume sanguíneo reduzido resultante da perda de líquido ou sangue.
Gravidez: o sistema circulatório se expande, o que pode reduzir naturalmente a pressão arterial.
Sepse e infecções graves: podem resultar em hipotensão e podem progredir para choque séptico, uma condição crítica que requer hidratação intravenosa rápida e substancial. Se houver resposta inadequada, medicamentos vasoativos podem ser usados para induzir vasoconstrição e elevar a pressão arterial.
Distúrbios endócrinos: condições como insuficiência adrenal e hipotireoidismo também são contribuintes significativos.
Conexão entre pressão arterial baixa e saúde do coração
De acordo com o especialista, a associação entre pressão arterial baixa e saúde cardiovascular pode ser vista sob aspectos positivos, onde em indivíduos saudáveis, a hipotensão pode aliviar a pressão sobre o coração e reduzir o risco de doenças cardiovasculares.
Já em adultos mais velhos ou com problemas de saúde preexistentes, a pressão arterial baixa pode indicar fragilidade ou possíveis problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca ou isquemia (obstruções nas artérias coronárias por depósito de colesterol). “Pesquisas indicam que, para indivíduos idosos, uma pressão arterial diastólica baixa pode se correlacionar com um risco aumentado de mortalidade, particularmente quando combinada com o uso de medicamentos anti-hipertensivos”, aponta.
Pressão baixa
O médico comenta que uma leitura sistólica (máxima) abaixo de 90 mmHg e/ou uma leitura diastólica (mínima) abaixo de 60 mmHg é considerada baixa. Em adultos mais velhos, leituras da pressão arterial sistólica abaixo de 110 mmHg podem levantar preocupações, especialmente quando associadas a sintomas. O diagnóstico é feito por meio de uma combinação de avaliação clínica e medições precisas da pressão arterial, como:
História clínica: avaliação de sintomas, uso de medicamentos e condições subjacentes.
Aferição da pressão arterial: tomada em várias posições e em diferentes momentos do dia.
Monitoramento ambulatorial da pressão arterial (Mapa 24h): ajuda a identificar episódios de hipotensão ao longo do dia.
Testes adicionais: exames de sangue, eletrocardiogramas e avaliações para descartar condições como diabetes ou insuficiência adrenal.
Tratamento
Conforme o cardiologista, a pressão baixa somente é tratada em caso de sintomas ou sinais de comprometimento da perfusão sanguínea de algum órgão. No entanto, ele cita medidas gerais essenciais:
Hidratação: a ingestão regular de líquidos (água) é vital.
Dieta: a incorporação de alimentos levemente salgados pode aumentar os níveis de sódio no sangue, fazendo com que os rins retenham mais líquidos.
Evite mudanças posturais rápidas: é aconselhável levantar-se lentamente se a pessoa estiver sentada ou deitada.
Meias de compressão: podem ajudar a melhorar o retorno venoso do sangue ao coração.
Refeições pequenas frequentes: comer refeições menores com mais frequência pode ajudar a prevenir quedas repentinas na pressão arterial.
Medicamentos: a Fludrocortisona pode ser usada para aumentar o volume sanguíneo, enquanto a Midodrina pode ajudar a contrair os vasos sanguíneos.
Causas subjacentes: gerenciar condições como insuficiência adrenal (níveis baixos de cortisol) ou diabetes é crucial.
Acompanhamento multidisciplinar: cuidados colaborativos envolvendo cardiologistas, endocrinologistas e outros especialistas podem ser necessários, dependendo da causa.